Misofonia, é um fenômeno ainda pouco compreendido, tem despertado crescente interesse tanto na comunidade científica quanto entre aqueles que sofrem com seus sintomas debilitantes.
Caracterizamos uma aversão extrema a sons específicos, a misofonia pode causar reações emocionais intensas, desde irritação e ansiedade até raiva e pânico. Mas os portadores dessa condição experimentam um profundo desconforto diante de sons comuns do cotidiano, como mastigar, respirar ou digitar no teclado.
Apesar de sua prevalência e impacto significativo na qualidade de vida dos afetados, a misofonia ainda permanece em grande parte desconhecida e subdiagnosticada.
O que é misofonia
Misofonia é quando certos sons normais, como mastigar, respirar ou digitar, fazem algumas pessoas se sentirem muito irritadas, nervosas ou até com raiva.
Esses sons podem parecer normais para a maioria das pessoas, mas para quem tem misofonia, eles são muito perturbadores.
Isso pode causar problemas no dia a dia, nas relações com outras pessoas e até mesmo fazer com que a pessoa se sinta muito mal emocionalmente.
Possíveis causas
As possíveis causas da misofonia ainda estão sendo estudadas, mas alguns pesquisadores sugerem que pode haver uma combinação de fatores envolvidos. Algumas das teorias propostas incluem:
- Processamento Sensorial Anormal: Acredita-se que pessoas com essa doença possam ter um processamento sensorial anormal no cérebro, o que significa que seus cérebros reagem de maneira exagerada a certos sons. Porém isso pode resultar em uma resposta emocional intensa a esses estímulos sonoros.
- Fatores Genéticos: Estudos sugerem que a misofonia pode ter uma base genética, o que significa que pode ser herdada dos pais. Pessoas com familiares que também sofre com esse problema podem ter uma maior probabilidade de desenvolver a condição.
- Condicionamento Associativo: Algumas pesquisas sugerem que a misofonia pode ser resultado de um condicionamento associativo, no qual certos sons são associados a experiências negativas no passado. Isso pode levar o cérebro a reagir de forma exagerada sempre que esses sons são ouvidos no futuro.
- Hipersensibilidade Auditiva: Pessoas com misofonia podem ter uma sensibilidade auditiva aumentada, tornando-os mais propensos a serem perturbados por sons que outras pessoas consideram normais.
- Fatores Ambientais: Experiências traumáticas ou estressantes podem desempenhar um papel no desenvolvimento da misofonia em algumas pessoas. Por exemplo, eventos negativos associados a determinados sons podem contribuir para o desenvolvimento de uma aversão exagerada a esses sons.
Sintomas da Misofonia
Os sintomas da misofonia podem se manifestar de diversas maneiras, variando em intensidade de pessoa para pessoa. Algumas das principais manifestações incluem:
Irritação e Raiva: Ao ouvir sons específicos, como mastigação ou respiração, indivíduos com misofonia podem experimentar uma irritação extrema ou até mesmo uma explosão de raiva, muitas vezes desproporcional à situação.
Ansiedade e Estresse: Os sons desencadeadores podem causar uma sensação avassaladora de ansiedade e estresse, levando a reações físicas como taquicardia, respiração acelerada e sudorese.
Desconforto Físico: Além das reações emocionais, a misofonia também pode provocar desconforto físico, como tensão muscular, dor de cabeça, náuseas ou sensação de opressão no peito.
Evitação de Situações Sociais: Para evitar a exposição aos sons desencadeadores, muitas pessoas com misofonia tendem a evitar situações sociais, como refeições em grupo ou ambientes barulhentos, o que pode levar ao isolamento social.
Dificuldade de concentração: Os sons perturbadores podem interferir significativamente na capacidade de concentração e desempenho em tarefas cotidianas, como trabalho, estudo ou atividades domésticas.
Reações Automáticas: Em alguns casos, a misofonia pode desencadear reações automáticas, como cobrir os ouvidos, cerrar os punhos, ranger os dentes ou mesmo expressões de agressividade.
Como Diagnosticar
Profissionais de saúde, como médicos, psicólogos ou fonoaudiólogos, realizam o diagnóstico da misofonia. Não existe um teste específico para o diagnóstico, então o processo envolve uma avaliação cuidadosa dos sintomas do paciente e pode incluir várias etapas.
Inicialmente, o profissional conduz uma entrevista clínica detalhada com o paciente. Durante essa entrevista, faz perguntas sobre os sintomas do paciente, como quais sons desencadeiam reações emocionais e físicas, a frequência e a gravidade dos sintomas, e como eles afetam a vida diária do paciente.
Além da entrevista clínica, o profissional pode realizar um exame físico para descartar outras condições médicas que possam estar contribuindo para os sintomas. Entretanto uma avaliação auditiva também pode ser realizada para garantir que não haja problemas auditivos subjacentes.
Questionários ou escalas de avaliação específicas podem ser usados para ajudar a avaliar a gravidade dos sintomas e acompanhar o progresso ao longo do tempo.
Em alguns casos, uma avaliação psicológica pode ser útil para entender melhor os aspectos emocionais e psicológicos relacionados à misofonia.
É importante ressaltar que o diagnóstico da misofonia pode ser desafiador, pois os sintomas podem ser confundidos com outras condições, como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade ou transtorno do processamento auditivo. Portanto, é essencial procurar um profissional de saúde qualificado para uma avaliação completa e um diagnóstico preciso.
Tratamento para misofonia
No tratamento da misofonia, os profissionais de saúde adotam uma abordagem multidisciplinar, adaptando-a às necessidades individuais de cada paciente.
Eles frequentemente utilizam a terapia cognitivo-comportamental (TCC) para ajudar os pacientes a identificar e desafiar pensamentos negativos relacionados aos sons desencadeadores, desenvolvendo estratégias para lidar com reações emocionais e físicas.
A terapia de exposição e dessensibilização gradual expõe os pacientes aos sons desencadeadores em um ambiente controlado, ajudando-os a lidar com a ansiedade e a irritação associadas. Assim a terapia sonora, como a reabilitação auditiva, pode modificar a percepção dos sons desencadeadores.
Técnicas de relaxamento, como respiração profunda e meditação, são úteis para reduzir a ansiedade. Modificações ambientais, como o uso de dispositivos de mascaramento sonoro, podem minimizar a exposição aos sons desencadeadores.
Além disso, o suporte psicológico e a educação sobre a condição podem ajudar os pacientes a lidar melhor com a misofonia e reduzir o estresse associado. O tratamento é altamente individualizado e requer colaboração com profissionais de saúde qualificados para encontrar a melhor abordagem para cada caso.
Sons que provoca a misofonia
Alguns dos sons mais frequentemente relatados como desencadeadores de misofonia incluem a mastigação de alimentos, especialmente alimentos com textura mais macia, como batatas fritas ou maçãs.
O som da respiração, especialmente quando é alta ou irregular, pode desencadear reações intensas em indivíduos com misofonia. Sons associados à tosse ou ao pigarro podem ser irritantes para pessoas com misofonia, especialmente se forem frequentes ou repetitivos.
O som do estalar de lábios, como ao beijar ou ao aplicar batom, pode ser extremamente perturbador para algumas pessoas com misofonia. Contudo sons de digitação em teclados de computador ou batidas repetitivas em superfícies duras também podem desencadear reações negativas em indivíduos com misofonia.
O som de talheres batendo em pratos ou entre si durante as refeições pode ser desagradável para pessoas com misofonia. É importante notar que os sons que desencadeiam a misofonia podem variar de pessoa para pessoa, e nem todos os indivíduos com misofonia reagem aos mesmos sons da mesma forma.